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Cultivo de soja convencional agrega valor à produção

Apesar da maioria da soja cultivada no Brasil ser de variedades transgênicas, continua a existir um mercado para a soja convencional, que não é transgênica ou OGM (Organismo Geneticamente Modificado).

O Brasil pode apostar mais no plantio de soja convencional (também conhecida como soja livre ou não-OGM), para atender à demanda de exportação de produtos não transgênicos, que são mais valorizados. Só para se ter uma ideia do potencial desse mercado, a Europa tem uma demanda anual de 4 milhões de toneladas e a China, de 5 milhões de toneladas. Mas por que isso não ocorre?

A soja convencional ganha espaço

Livre da taxa tecnológica dos OGMs, com produtividade competitiva e possibilidade de bonificação especial, a soja convencional vem recuperando seu espaço e se tornando uma opção atraente para o produtor.

Cultivares como a BRS 284 ganham sucessivos concursos nacionais de produtividade onde concorrem em condições de igualdade com as tecnologias hoje disponíveis.

Em 2017, a Embrapa, procurada pelo setor produtivo, ajudou a organizar o programa Soja Livre, que surgiu com o objetivo de garantir a liberdade de escolha ao produtor rural que enfrentava dificuldades de acesso às sementes convencionais no mercado.

Por que apostar na soja convencional?

Apesar de todo o potencial e do crescente interesse mundial, relativamente poucos produtores brasileiros se dedicam ao cultivo da soja convencional.

Na safra 2016/2017, o País produziu 5 milhões de toneladas de soja convencional em 2,2 milhões de hectares, segundo o Instituto Soja Livre, criado em 24 de julho do ano passado (2017) pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e a Embrapa. No mesmo ciclo, o Brasil colheu 114,1 milhões de toneladas de soja OGM em 33,9 milhões de hectares.

O destaque na produção de soja convencional é o estado do Mato Grosso, com 1,2 milhão de toneladas, o equivalente a 13% do total, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Segundo o mesmo órgão, são muitos os desafios para se manter esse mercado. Um deles é a obrigatoriedade de isolamento da cultura, para que ela não se misture com a soja transgênica durante o cultivo e no transporte para os portos. O outro é a baixa disponibilidade de sementes melhoradas da variedade não OGMs.

O Mato Grosso oferece a logística necessária para manter a soja convencional sem misturar com a transgênica. A maior parte dessa soja livre é exportada via vários portos, inclusive com modais para o norte como Porto Velho a Manaus, Itacoatiara, Santarém, Santana, além de de Vitória, Santos e Paranaguá. Em alguns portos, há exportadores que apenas lidam com soja convencional, tornando assim mais fácil manter a segregação.

Esse esforço extra investido na produção da soja convencional é compensado pelos compradores, que pagam um prêmio adicional.

Embora a demanda pela oleaginosa não-transgênica seja pequena em comparação com a soja OGM, espera-se que permaneça forte e cresça, já que a demanda na Europa e na China é significativa.

grãos de soja com uma pequena semente de soja brotando no meio

Benefícios da soja convencional

Os benefícios da soja convencional certificada para o meio ambiente são a manutenção da biodiversidade e o alto valor de conservação, melhoria no solo e qualidade da água, redução da poluição e a menor produção de resíduos, menores impactos sobre a saúde e o meio ambiente, por meio do emprego de boas práticas agrícolas, e gestão social com o cumprimento de direitos humanos e trabalhistas, dentro outros.

Em termos econômicos, as principais vantagens para os produtores são as oportunidades de acesso aos mercados internacionais e aos programas de financiamento, redução dos custos, devido ao maior controle sobre os insumos, e a possibilidade de recebimento de bônus decorrente da venda de material certificado.

O prêmio médio para ao produtor, por saca, é de 15% em relação à soja transgênica, de acordo com o Instituto Soja Livre.

A Certificação

O Padrão de Certificação ProTerra para soja está vigente desde 2006, sendo usado em soja do Brasil para vários países, e  na Argentina, Canadá e de países do Leste Europeu, para vários destinos.

A FoodChain ID como uma empresa de Certificação e Análises faz um trabalho de verificação e certificação através do Padrão ProTerra desde 2006, e tem realizado esforços extensivos e intensivos para apoiar a integridade da certificação sob a supervisão da Fundação ProTerra. Um dos desafios com que se depara é a extensão do território da soja e o número de produtores.

Diante da impossibilidade de auditar cada produtor agrícola no Brasil ou na Argentina – pode haver centenas ou milhares de produtores fornecendo para um determinado processador industrial, a FoodChain ID utiliza uma metodologia de amostragem estatística para a auditoria de fazendas criada pelo Padrão ProTerra em 2005. Entretanto, há várias maneiras de verificar cumprimento com o padrão, de todos os fornecedores, como imagens de satélite das propriedades datadas, e organizações que fornecem informações sobre produtores, bem como as agências governamentais com o MAPA, Ibama, SEMA e outras, que de ser agregadas ao processo de auditoria e verificação, para certificar a produção.

Isso permite que se façam inferências sobre o grupo maior de fornecedores. É o método de amostragem mais avançado e abrangente empregado na certificação. A amostragem é desenhada para cobrir o maior volume de fornecimento. As não-conformidades são relatadas ao produtor e ao processador industrial, para as ações corretivas.

Se os indicadores principais forem violados, como os de desmatamento ou responsabilidade social, o produtor é retirado da lista de fornecedores aprovados e o processador industrial informado para agir.

O aumento da demanda depende dos mercados compradores. Assim, os supermercados europeus estão na ponta da demanda e são quem tem mais poder de influenciar a alinhar o mercado. A Fundação ProTerra está promovendo uma conferência internacional em Bremen, Alemanha, em 30 de Janeiro de 2019, para promover esse diálogo multisetorial e gerar mais demanda para setores ainda a descoberto com respeito a alimentação com ração Não-OGM, como o setor de suínos (https://www.proterra-soy-conference.org/).

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