Com a rapidez e facilidade de acesso às informações, os consumidores estão mais exigentes com a qualidade dos alimentos que consomem. Para atender essas exigências, tanto de seus produtos quanto ao impacto no meio ambiente, as empresas estão sentindo a necessidade de adotar sistemas mais eficientes que garantam maior segurança de alimentos no Brasil.
No entanto, a segurança de alimentos tem como maior desafio implantar, cada vez mais, um modelo de produção de alimentos, baseado na agroecologia, sem o uso de sementes transgênicas, agrotóxicos e fertilizantes químicos, em pequenas propriedades familiares, e a regulação do abastecimento e distribuição.
O que é segurança de alimentos no Brasil
Segurança de alimentos se refere a um conjunto de práticas e iniciativas que visam garantir às pessoas o acesso a alimentos com valor nutricional e na quantidade adequada para uma boa qualidade de vida.
Esse conceito partiu da preocupação gerada nas duas grandes guerras mundiais na primeira metade do século passado. Esses eventos resultaram em uma escassez generalizada pela falta de condições da Europa produzir alimentos saudáveis, em especial devido à contaminação dos recursos naturais por substâncias usadas na fabricação de armas.
Após quase 100 anos desde a 1a Guerra Mundial, a distribuição de alimentos ainda é uma preocupação em muitos países.
É urgente, portanto, que sejam tomadas ações para promover a produção de alimentos de qualidade, reduzir os índices de desperdício e garantir o acesso da população a esses recursos de subsistência.
Quando falamos em segurança de alimentos no Brasil, não nos referimos apenas ao aspecto quantitativo, abordando a disponibilidade de alimentos para a população, mas também no aspecto qualitativo focando, principalmente, a preservação da saúde do consumidor.
E a qualidade envolve os três principais elos da cadeia alimentar: os segmentos de campo, de indústria e de bares, hotéis, restaurantes, cozinha industriais e similares, que podemos chamar de segmento de mesa.
No segmento de campo, dissemina-se cada vez mais a necessidade de desenvolver as Boas Práticas Agropecuárias, que abordam não só a questão da preservação da saúde do consumidor – na busca de se evitar as contaminações químicas, físicas e microbiológicas dos alimentos -, mas também aspectos que envolvem os prejuízos ao meio ambiente e de responsabilidade social como mão-de-obra escrava e infantil.
Vários programas que visam disseminar a adoção das Boas Práticas Agropecuárias são desenvolvidos no Brasil e no mundo.
No segmento industrial brasileiro, o fato mais importante foi o lançamento da norma NBR 14900 no ano de 2002, que aborda o sistema de gestão da análise de perigos e pontos críticos de controle – APPCC/HACCP.
Esse sistema garante o controle dos processos de produção e processamento de alimentos de forma a se evitar contaminações biológicas, químicas e físicas em níveis intoleráveis para a saúde dos consumidores.
Como monitor a segurança de alimentos no Brasil
Uma forma de eficiente de garantir a segurança de alimentos no Brasil, são as análises, por exemplo, de resíduos de agrotóxicos, análises de resíduos de pesticidas, de micotoxinas, adulterantes, microbiologia e alergênicos, verificação de irrigação sem esgoto ou materiais biológicos perigosos e contaminantes do solo.
As análises podem evidenciar a segurança de um sistema produtivo em fábricas e produtos acabados. Por exemplo, o Laboratório FoodChain ID Análises possui o sistema mais moderno e sensível de detecção (screening) e quantificação de micotoxinas do mercado.
A presença de micotoxinas nos alimentos pode causar diversos problemas à saúde humana e dos animais. Legislações nacionais e internacionais estabelecem limites máximos para proteger os consumidores.
O mesmo Laboratório também utiliza metodologias ISO, AOAC, MicroVal, NordVal e MAPA (Instrução Normativa 62) para rastrear e detectar microrganismos em alimentos.
O estudo de microbiologia em alimentos serve para detectar os microrganismos que causam a deterioração dos alimentos e prejudicam a saúde das pessoas, provocando doenças e problemas estomacais.
Como garantir a segurança de alimentos no Brasil
Garantir alimentos saudáveis para toda a população é o grande desafio dentro da segurança de alimentos.
No entanto, o modelo de abastecimento e distribuição de alimentos, vigente no Brasil, cada vez mais controlado pelo agronegócio, pela indústria e cadeia de supermercados, acelera o processo de ‘commoditização’ e artificialização dos alimentos, de empobrecimento da base alimentar e no aumento do preço dos alimentos.
Conforme um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), apesar de toda a diversidade vegetal brasileira, a base da alimentação está em três alimentos: trigo, soja e milho.
Esses alimentos são produzidos de maneira mecanizada, em grandes extensões de terra, no sistema de monocultura, com uso de agrotóxicos, e entram na industrialização da maioria dos alimentos consumidos.
Ao mesmo tempo, muito também tem sido falado sobre outras formas de cultivo, como o da Soja convencional e da soja sustentável.
Para garantir alimentos saudáveis é fundamental, antes de tudo, que a sociedade civil entenda, debata e critique os impactos do atual sistema alimentar sobre a segurança de alimentos da população brasileira.
Outro fator preocupante é o impacto que as ações do agronegócio terão sobre a sociedade e a natureza que a cerca.
Por outro lado, surgem cada vez mais iniciativas de agricultura orgânica, que dispensa o uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos nas lavouras. O manejo sustentável da produção tem por base o respeito, a responsabilidade e o conhecimento em relação aos recursos do meio ambiente.
Esses princípios influenciam todas as etapas da produção, norteando ações relativas à irrigação consciente e redução ou eliminação do uso de defensivos.
Na opinião da pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Flávia Mori Sarti, “A população precisa ter uma educação melhor para poder escolher a melhor alimentação para si mesmo”.